E SE ALGO DER ERRADO? (em busca da perfeição)
O esforço
para ser impecável, mantendo tudo sob controle – e assim, ilusoriamente,
dissipar o fantasma da insatisfação – pode tanto contribuir para o sucesso
quanto a levar à angustia; porém, nem sempre nos damos conta de que a forma como
vivemos as experiências pode ser mais
significativas que as situações em si.
Pesquisam mostram
que as pessoas tendem a se desencorajar por não atender a padrões muitos altos,
tornando-se relutantes em assumir novos desafios ou até mesmo completar
tarefas. Na prática, o excesso de autocobrança costuma produzir ineficiência,
causar atrasos, dificuldades de cumprir prazos, sobrecarga de trabalho e até
mesmo resultados medíocres, em comparação ao que poderia produzir se a
tranquilidade fosse mantida. A busca constante pela excelência pode ainda
prejudicar relacionamentos e até fazer mal a saúde. O comportamento tem sido
associado a anorexia, distúrbio obsessivo-compulsivo, ansiedade social,
bloqueio de escritor, alcoolismo e depressão. Mas, como tudo tem os dois lados,
o perfeccionismo tem suas características positivas, como inclinação para
planejamento, organização e capacidade de manter o foco -, que fazem esse
aspecto muitas vezes ser exaltado pelos pretendentes a uma vaga de emprego
durante entrevistas de seleção.
O mal do
perfeccionista, é que ele busca desesperadamente atingir um objetivo e acertar,
só que, tomando como parâmetro um referencial alheio, e medir o seu próprio
valor inteiramente em termos de produtividade e realização, comparando-se com outras
pessoas, sem se voltar para os próprios
desejos, histórias e condições em dado momento.
Depois de um
contratempo ou uma decepção, pessoas que exigem excessivamente de si mesmas
costumam ser mais vulneráveis a mudanças de humor e perda de auto-estima.
Constroem padrões
de comportamentos muitas vezes ineficazes que prejudicam seu real desempenho e
trabalham mais lentamente, sofrendo para definir cada detalhe.
Deferentemente do
que muitos imaginam, ninguém é perfeccionista em todas as situações ou áreas da
vida. Algumas pessoas são muito exigentes a respeito da limpeza da casa, outras
se concentram no trabalho ou na aparência física, por exemplo.
Estudos revelam
que os perfeccionistas, quando estão com muita pressão, seja por estarem sendo
avaliados ou comparados com outras pessoas, perdem cada vez mais a
auto-confiança, evitando assim novos desafios e abaixando o nível dos
resultados de seus trabalhos, por temerem crítica, evitando a oportunidade de
ter um feedbeck e, consequentemente, procuram se expor o mínimo possível.
Antes que o
perfeccionismo se torne uma grande dificuldade, algumas reflexões podem ajudar
a lidar melhor com as situações mais estressantes. Reavaliar padrões pode ser
um bom começo, fazendo algumas perguntas para si mesmo, tipo:
- O que aconteceria se eu relaxasse um pouco mais?
- Será que algo realmente grave vai acontecer se eu executar
uma tarefa de forma imperfeita ou até incorreta?
Se esse tipo de
consideração não oferecer grandes resultados, pode ser conveniente optar pela
ajuda de um psicólogo mais preocupado com processos e funcionamentos que com a
simples erradicação de sintomas, esse profissional pode acompanha-lo na tarefa
de elaborar e ressignificar experiências. Afinal, a busca pela perfeição pode
ser uma forma defensiva(e inglória) de lidar com angustias e vazios que devem e
merecem ser olhados e cuidados.
Fazer o “seu
melhor” sempre, é a melhor opção. Daqui um tempo, aquele “seu melhor” poderá
ser melhorado, mas reconhecendo suas limitações do momento, conseguirá fazer um
bom trabalho e melhorar, se assim quiser ou precisar.
Procurar
fazer algo benfeito pode ser muito bom; se você está feliz, não há razão para
se preocupar, o problema aparece quando o anseio de se superar se torna uma
obsessão, passa a ser motivo de sofrimento na maior parte do tempo.
- texto baseado: revista- mente/cérebro – maio/2013
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