Dia dos Pais chegando e nada mais
apropriado que falarmos um pouco desta figura, que por muito tempo, era só o
provedor da casa, deixando a criação e os cuidados para as mães. Hoje, se sabe
que o pai, a figura paterna, a figura masculina, é muito importante para o
desenvolvimento e a construção moral, social, emocional e psicológica da
criança.
Ser paizão está na moda, atesta o
psiquiatra paulista Içami Tiba, especializado em crianças e adolescente: “Faz
parte da imagem do sujeito bem sucedido trocar fraldas e ir ao parquinho”. Mas,
quando o filho cresce um pouco, o pai desaparece para não ter aborrecimentos.
Isso não resolve, é claro.
Existem dois tipos de papai modernos: o
que quer se distanciar dos problemas e o que sonha em ser amigão do pimpolho.
No entanto, “não adianta ficar só dando conselho, ser amigo. Tem que dizer até
onde o filho pode ir”, explica DeLa Taille. Definir limites é função muitas
vezes antipática, ainda mais levando em conta que o pai dispõe de pouco tempo
para os filhos e, em nome do bom relacionamento, não quer gastar aqueles
momentos dizendo não. Mas, como a prática demonstra, não tem por onde escapar e
quem escapou se arrependeu.
“Quem espera pela adolescência para
envolver-se com o filho descobrirá que pode ser tarde demais”, explica o
psiquiatra Francisco Assumpção Jr. Primeiro, porque como se sabe, adolescente é
um ser arredio que em geral não quer saber de papo nem com pai e nem com mãe.
Além disso, as brincadeiras de infância típicas de pai-filho, como jogar bola
ou se arriscar na roda gigante, ajuda a criança a aperfeiçoar sua habilidade de
se envolver com os outros, lidar com frustrações e resolver problemas. “Por
meio de um relacionamento caloroso e brincalhão o pai ensina o filho a ter
controle emocional e infunde um sentimento de segurança e bem estar que vai
torna-lo mais autoconfiante.” Argumenta o psicólogo William Pollack, da
universidade Harvard.
Não quer dizer, que os filhos de pais
separados ou de mães “solteiras” são mais problemáticos do que os filhos de
pais casados, tudo é relativo. Se a criança tem apoio, carinho, proteção,
companhia, cuidados e limites, ele crescerá saudável. A família desempenha um papel,
fundamental no desenvolvimento da criança, na sua autoestima, pois é nela que
desenvolvemos os laços afetivos, influenciando questões relacionadas ao
ajustamento e as mais variadas situações.
A criança necessita de um referencial
masculino, sem este, pode tornar-se aversivo ás ordens dadas por representantes
femininos. A mãe pode desempenhar o papel de “pai” na hora de colocar limites,
de colocar seus valores morais, seguir regras, disciplinas, só que sem esquecer
o seu papel de “mãe”, de ser protetora, acolhedora, conselheira, etc. Mas, muito
mais difícil este papel para assumir sozinha, a criança precisa perceber a
figura do pai, na mãe, de forma concreta, tipo: participando das festinhas da
escola em comemoração ao dia dos pais. Não falo que não haverá nenhum prejuízo
na formação da identidade da criança, mas nada que não possa ser superado por
um representante, como o tio, avô, de modo a amenizar esta perda.
Quando a criança é pequena, diz José Gomes
neto, especialista em educação infantil, a mãe é tudo do que ela precisa, mas
depois, a comparação com a família dos amigos é inevitável. Não é justo privar a criança de um
pai. Se não for possível a presença, por conta de violência doméstica,
conduta inapropriada, deve-se pensar numa forma de visitas esporádicas, contato
telefônico ou cartas. Mas o que não pode é um adulto não ter a história de sua
origem, na versão da mãe, mas também do pai. Uma criança nasce do masculino e
feminino. A imagem dos dois deve existir nem que seja só por foto.
“Vários são os especialistas que
defendem que a quebra ao vínculo afetivo com o pai pode gerar sentimentos de
abandono e de rejeição por parte da criança, com repercussão nas relações por
ela desenvolvida no futuro, comprometendo a formação de novos vínculos. Gury
Coreant, psicólogo, afirma que o “pai é o primeiro “outro” que a criança
encontra fora do ventre da mãe”, sendo essa presença que vai lhe servir como
suporte e apoio, possibilitando o seu desprendimento da mãe e a passagem do
mundo da família para o mundo da sociedade.
A importância do pai na formação e no
desenvolvimento da criança é tão importante, que nossas leis sempre estão procurando
uma melhor maneira de proteger a criança de todas as formas, como um novo
projeto em andamento, que pretende alterar uma lei, para assegurar que toda
criança tenha o nome do pai na certidão de nascimento. As leis não conseguem de
fato, aproximar ou criar uma relação de carinho e respeito entre pais e filhos.
No entanto, podem exigir uma maior presença do pai na vida da criança ou, pelo
menos, cobrar que ele a assuma e forneça recursos financeiros destinados à
criação.
A criança é um bem em si mesmo,
independentemente da forma como foi gerada, seja com irresponsabilidade do
casal, seja um caso de sedução ou mesmo um estupro. O valor de uma pessoa não
reside no fato de ela ser desejada, querida, de ser um bem para os outros. Isso
significa que ela tem todo direito de nascer e que sua vida deve ser respeitada
incondicionalmente. “Uma vez nascida, para o seu pleno desenvolvimento, essa
criança tem de sentir que é muito amada e que nunca ficará desamparada. Ela tem
este direito.” diz Sueli Caramello Uliano, presidente do conselho da ONG
familiar Viva.
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