SINOPSE
TRAILER
UM OLHAR PSICOLÓGICO
Procurei passar
uma análise do filme sem falar da trama toda, sem mencionar o que levou o protagonista
do filme a confundir realidade com fantasia, presente com o passado, para
aguçar mais a curiosidade dos leitores e assistirem ao filme, postando
comentários e novas percepções do filme. E para quem não conseguir assistir ao
filme, a leitura será interessante, pois conhecerá um pouco mais do poder dos
traumas na nossa vida.
“A ilha do medo e o paradoxo da razão ilhada pela memória do
insuportável”.
Filme de Martin
Scorcese, onde mergulha fundo no universo da natureza humana que abriga em seu
canto mais escuro o mal e a loucura. Como é difícil transitar nas fronteiras do
ser...
Aqui os monstros
crescem na sombra da alma humana, e assustam porque nos assaltam de dentro de
nós mesmos.
A uma certa
altura, o psiquiatra Crawley, ensina que a palavra “trauma” vem do grego e significa “ferida” e que estas podem criar monstros que devemos deter dentro
de nós.

O delírio do
protagonista vai sendo desmantelado a força, por meio de confronto compulsivo com “dados de realidades” – fotos-
nomes- noções de tempo e espaço – revelações de identidades. A lucidez vai se
produzindo como um efeito da eficácia do método terapêutico. O tratamento desconstrói
a defesa psíquica delirante do personagem, obrigando-o a se defrontar com os
vestígios mnêmicos de seu ato homicida.
Uma vez
recuperada a memória do evento traumático, Teddy passa a culpar-se
terrivelmente e se sentir um monstro.
Qual a serventia dessa lucidez, afinal?
Em sua loucura e
parcial amnésia, o personagem tinha um ideal pelo qual lutar. Não era um
monstro, mas um herói em potencial, disposto a salvar vidas.
E quando, já
perto do fim, ele já está supostamente “curado” da psicose, somos jogados numa
ambiguidade de compreensões que, mais do que serviu para nos confundir, serve
para nos apresentar o desfecho do filme como um paradoxo da razão ilhada pela memória do insuportável.
Na brincadeira de
retomar o delírio, via jogo de encenação, ele acaba fazendo uma escolha ética:
livrar-se do peso insuportável da culpa e da dor, ainda que para isso tivesse
que perder a própria capacidade de escolha.
Eis o paradoxo: seu gesto mais lúcido
foi entregar a própria lucidez de bandeja. Afinal este não lhe serviria mais
para nada, muito menos para sobreviver à corrosiva e dilacerante dor de existir
atravessado pela culpa, pelo horror e pela solidão.
O que é menos pior: (sobre)viver como um
monstro ou escolher morrer como um homem bom?
O que pode restar
de humano após uma lobotomia? Nada, a não ser o testemunho daqueles que ,
minutos antes da escolha, puderam perceber a motivação legítima desta escolha
como meio de escapar de uma outra
prisão: a culpa.
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