Nos últimos anos
tem-se observado um número cada vez maior de estudos que integram a psicologia
e a odontologia. Neste campo, começam a surgir trabalhos sobre os aspectos
psicológicos associados ás diversas disfunções que abrangem a região
craniomandibular. Estudos como o que se realizam com pacientes com dor
temporomandibular (SERRALTA et al.2001) revelam que sintomas psicológicos, com
frequência, estão relacionados aos transtornos da esfera orofacial e apontam
para a necessidade do odontólogo encaminhar, se necessário, o paciente a um
psicólogo para efetuar tratamento combinado
Também OKINO et
al. (1990) ressalta que a maioria dos pacientes com disfunções na articulação
temporomandibular necessitam atendimentos psicológicos especializados, devido a
alta interferência do estresse na sintomatologia apresentada.
Como salienta
SEGER et al. (1998) ainda que possa alertar para uma oclusão anormal, o bruxismo é, muitas vezes, uma expressão
do estresse mental, da agressividade e ansiedade, dentre outros fatores
psicológicos.
Também
MOLINA (1998) afirma que estudos têm revelado que pacientes com bruxismo possuem uma personalidade
agressiva, ansiosa e tensa, provavelmente devido a emoções reprimidas em
períodos iniciante da vida.
A boca é nossa primeira
zona erógena, nosso primeiro modo de contato real com o meio, é através dela
que registramos gratificações e penalizamos nos nossos primeiros anos de vida,
sendo uma eterna zona erógena e representativa de obter e dar prazer ou
desprazer.
Percebe-se,
portanto, que a região bucal, por constituir a primeira zona de estimulação e
excitação sensorial, fonte primária de experiências de prazer, frustração e
dor, ocupe um lugar privilegiado na expressão dos afetos, constituição do
caráter e determinação dos hábitos de vida dos indivíduos (por exemplo: roer unha, fumar, morder objetos, etc, constituem resquícios, fixações desse modo primitivo de satisfação).
O bruxismo diz respeito ao desgaste ou
ranger dos dentes, que segundo PAIVA et al. (1997) não tem um propósito
funcional e pode ter inicio precoce ou tardio. É um apertamento involuntário
dos dentes que, associado aos movimentos mandibulares laterais e protusivos,
resulta no rangido e desgaste dos dentes. Seria um hábito frequente associado
ao estresse emocional ou fadiga.
Morder é uma atividade bastante
agressiva, a expressão da capacidade de cuidar de nós mesmos, de enfrentar os
fatos e de “agarrar as coisas com os
dentes”. Assim como um cão arreganha os dentes a fim de deixar claro o quanto
pode ser perigoso e agressivo, também falamos de “mostrar os dentes a alguém” querendo dizer com isso que tomamos uma
resolução, que defenderemos nosso ponto de vista.
De modo geral, o
bruxismo é considerado uma disfunção
psicossomática multifatorial, causada tanto pela oclusão anormal como por
fatores psicológicos: tensão emocional, agressão reprimida, ansiedade, raiva,
medo, frustrações e estresse.
Sintomas: Dor
disfuncional muscular da articulação (ATM); dores de cabeça, podendo até atingir
o ouvido, tonturas, dor muscular facial relacionados aos músculos mastigatório,
restrição na abertura da boca, dor generalizada, estalidos, travamento nas
articulações.
Tratamentos: A forma mais empregada para o alívio é a
utilização de placas interoclusais miorrelaxantes, que não chegam na causa,
com isso, muitos odontólogos acreditam não haver cura. Mas se tratarmos o
indivíduo como um todos, que tudo está interligados, conseguiremos chegar a
cura ou pelo menos na diminuição significativa dos sintomas para uma boa
qualidade de vida. Ações multidisciplinares, especialistas da área da saúde que
tendem a enxergar o paciente como um todo: odontólogo, psicólogo,
fonodiólogo, fisioterapeuta, além das terapias alternativas: acupuntura,
hipnose, florais, yoga, etc....
Texto baseado no livro: A doença como
caminho, jornal brasileiro de oclusão, ATM e dor orofacial; monografia
apresentada à Associação Brasileira de odontologia.
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